Semana do Autismo: Palestra promove a troca de experiências entre profissionais da Cultura e pessoas com TEA

Professores da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer de Pinhais puderam debater sobre os alunos autistas que participam das atividades

“Transtorno do Espectro Autista”: Uma questão  de conhecimento e de acreditar na capacidade do  outro. Este foi o tema da palestra interativa realizada no Centro Cultural de Pinhais, promovida pela Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer, por meio do Departamento de Cultura. Um momento de troca de conhecimentos e experiências que, durante o Abril Azul e a Semana do Autismo, reforça os laços e amplia visões, na busca pela conscientização constante sobre a realidade das pessoas autistas e seus familiares.

A palestrante, Simone Alves Piardi, explica que o Transtorno do Espectro Autista possui origem biológica. “É um transtorno de comportamento, portanto, cada autista é  um ser único que pensa, sente, age e reage de formas diferentes. Este transtorno traz déficits na comunicação e, na interação  social, padrões restritos e repetitivos de comportamento”. Ela discorre sobre as características do espectro, a fim de que os profissionais possam observar e mapear o perfil dos seus alunos, compreendendo seus educandos de forma a respeitar a individualidade e a necessidade de cada um.

Simone avalia de forma muito positiva a recepção do tema pelos profissionais do Centro Cultural. “Eu senti que foi muito válido e percebi que o grupo tem uma grande preocupação com estes alunos. Teve uma participação muito boa dos professores. Todos têm um conhecimento  prévio sobre o assunto, mas a angústia  está em colocar na prática diária de planejamento, do como fazer pequenas adaptações para os alunos”, declarou.

Segundo o professor de Desenho, Osmar Ritter Júnior, a palestra contribuiu muito com o conhecimento sobre o tema, pois ajudou a entender esse universo até então desconhecido por ele, ajudando na condução das aulas voltadas a esse público. “O tema proposto apresentou o espectro autista e suas variantes. Eles têm características peculiares tais como movimentos repetitivos e a dificuldade em manter o foco, mas todos são tratados com respeito e dignidade dentro e fora da sala de aula”, relatou.

O professor de teatro, Eduardo Walger, teve três alunos diagnosticados com autismo ao longo dos seus oito anos de trabalho. O docente mencionou o caso de uma aluna que, quando chegou à sala de aula, tinha visível dificuldade de comunicação: “Ela não falava com ninguém, não interagia, mas nunca deixou de participar de nada”, explicou. Os jogos teatrais eram apresentados para todos igualmente, a única diferença é que o professor respeitava o tempo dela. Além disso, a turma era composta por adultos muito dedicados, isso facilitou bastante o entrosamento, pois todos foram muito receptivos. Aos poucos, ela foi  interagindo cada vez mais, e teve uma excelente participação na peça “Réquiem Para Shakespeare”.

Walger mencionou, também, o caso de outro aluno que gostava muito de filme de super herói. Como os alunos já haviam escolhido a peça: “Sonho de uma noite de Verão”,  antes dele entrar na turma, aos poucos, ele também se interessou pela temática do trabalho escolhido pela turma. Foi dado destaque ao contexto da fantasia e nas habilidades sobre-humanas dos personagens, como se os personagens de Shakespeare também fossem super-heróis!

O professor de música, Felipe Vieira, teve cinco alunos autistas só este ano.  “Os alunos autistas que passaram por mim não tiveram problema de aprendizado, inclusive sempre foram muito responsáveis com a rotina estabelecida, mas às vezes têm problemas na prática social”, explica. Nesse contexto, o professor Walger comentou a importância das áreas de educação dialogarem com as aulas de teatro ou de música para que o aluno consiga participar das aulas de forma mais saudável.

Neste mês de abril, mês de conscientização sobre o autismo, a Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer (Semel), por meio do Departamento de Cultura, incentiva e manifesta seu apoio, ressaltando que o conhecimento é a chave fundamental para a inclusão de pessoas com esse transtorno. Para a Diretora de Cultura, Haline Siroti, “a necessidade da formação  para os instrutores  veio ao encontro das demandas que surgiram durante as aulas, para que pudéssemos atender a todos com qualidade e também levar em conta a especificidade de cada aluno”, finaliza.

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