IGREJA DE MEADOS DO SÉCULO XXI

Pra. Carla Rodini

Hoje estive pensando, como seria a Igreja daqui há 50 anos? Se compararmos a igreja de hoje com a igreja da época dos apóstolos, vemos como os missionários sofriam para fazer o evangelho conhecido. Andavam no sol, na chuva, à pé; camelos e cavalos eram para os ricos e, os crentes da época dos apóstolos sentiam-se honrados em doar o que tinham para a manutenção da obra do Senhor. Lembrando que a obra, eram os atos dos apóstolos em divulgar a Palavra, ministrar o poder e seguiam curando e ensinando todos os dias.

É lógico que já haviam inventado a roda, já havia algumas tecnologias. O meio de transporte mais rápido para se chegar a outro país era o barco a vela, e mesmo assim demorava meses, indo pela costa. O correio, ia muitas vezes à pé, quando era um telegrama real iam penso eu, com algum tipo de transporte animal. Já pensou?

Hoje temos avião, carro, helicóptero, e-mail, orkut, Twitter, tudo ultra moderno. Falamos ao celular com chamada de vídeo, conversamos com qualquer pessoa e podemos ver seus rostos em simultâneo. Só falta termos acesso a um celular com holograma, como nos “Jetsons”.
Na escola, os alunos já escrevem em lousas eletrônicas, as portas das casas assim como das empresas tem fechaduras biométricas, colocamos nosso “dedão” lá e tá feito, a porta abre. Sem falar na íris!

Será que isso algum dia pode mudar “pra” melhor? Cada vez temos menos privacidade, cada vez temos menos segurança, apesar das câmeras de vigilância que estão quase por toda parte. Vivemos em um sistema de governo capitalista, que mais dia menos dia cairá. O estímulo ao consumo exarcebado, para que o capital não pare de correr por aí, vai nos levar onde? Já não temos mais onde por tanto lixo e comprar virou obrigação.

Mas voltando ao assunto da modernidade, hoje em quase toda casa há um computador. Quem diria né? Nem o próprio inventor dessa máquina acreditava nela, não pensava que fosse se tornar uma ferramenta tão essencial, assim como é em todos os setores da sociedade.
Depois desse breve discurso sobre a modernidade vamos ao que interessa. A igreja nem de longe pode ser levada como uma empresa, o regime de governo é diferente, não do povo para o povo, é de Deus para o povo, isso quer dizer que em uma igreja não há ISO 9000. Seguimos uma regra áurea que é a Bíblia. Ela diz tudo que podemos fazer e que não podemos, o orgão certificador, que é o que aprova a metodologia, se está dando certo ou não, é Deus. Alguns princípios são parecidos mas não idênticos, por exemplo, podemos aplicar o princípio de melhoria contínua (PDCA) em uma igreja, mas não podemos medir a qualidade de nenhuma pessoa como uma ferramenta de produção. Pois nem sempre podemos ver os frutos, o resultado do nosso trabalho terreno.
Mas, como seria a igreja se os “pastores modernos”, resolvessem mudar os princípios morais da sociedade criada por Deus? Sabemos que vivemos em tempos onde a tecnologia impera.

Imagine um dia desse…

Um belo dia de Domingo eu acordo, lá pelas 9h da manhã, havia dormido tão bem! Vou ao banheiro, e quando olho no espelho,  “não acredito no que estou vendo, que rugas são estas ? Ontem elas não estavam aqui.” Procuro meus pais, eles não estão. Desesperada vou ver meu marido na cama, seus lindos olhos verdes estão perdidos entre as pálpebras, que caíram com o efeito do tempo.

Percebi que havia dormido tão bem, e por muito tempo. Tanto tempo que nem vi que as pessoas a minha volta envelheceram, que eu envelheci! Que meus pais se foram, meus irmãos já estão velhos. Meu cachorro já não existe mais.

Resolvi então me trocar e fazer algumas visitas, quem sabe entenderei o que está acontecendo! Descobri que muitos dos meus conhecidos e amigos já não estão mais entre nós. Então em um ato de esperança, por uma resposta que confortasse, fui à igreja. Parecia tudo normal, a não ser, pela modernidade, estava tudo muito diferente!

Logo na entrada, um aparelho de leitura biométrica com uma tela macia, parecia uma gelatina com uma consistência a mais. Coloquei meu dedo mais não havia meu cadastro ali. Segui mais adiante, o templo estava luxuosamente decorado, com colunas romanas de mármore, e uma música suave invadia o recinto. Com meus olhos procurei o rosto conhecido do meu pastor, quando vi uma galeria de fotos. Como se fosse uma homenagem, estava lá ele, eu o conheci, havia como um botão embaixo da foto, achei muito estranho mas fui ver o que era.
Nesse botão estava escrito, “Quer receber uma oração? Toque o botão espere”. Pensei:  ” Acho que é uma maneira de chamar qualquer um deles para vir orar pelas pessoas”. Então toquei e esperei, mas para minha surpresa aquela foto começou falar comigo, aquela imagem esva falando. Mas, cadê o pastor? Ainda não havia visto as letrinhas minúsculas embaixo, no rodapé daquele quadro. Elas diziam que aquele botão era de umas mensagens gravadas do pastor!
A igreja estava vazia, não havia pastores, somente uma gavação de algumas orações feitas em vida.
Do lado existiam vários botões e um mapinha de cada um deles, para que serve cada um. Havia um que dizia, “endemoninhamento”… Outro, “cura de: “, embaixo desse tinha um menu completo para cura.
Misericórdia! Onde estão os obreiros da igreja? Será que a fé se tornou tão “forte” que em tempos modernos não precisamos mais de ministros? Meu Deus! Olha o que fizemos, modernizamos a fé! E ainda reafirmamos com a própria Palavra que diz que : “a fé é a firme certeza das coisas que não são como se já existissem”…
 
A Noiva era tão linda, havia cânticos alegres, comunhão e esperança de encontrar o noivo. Não há mais nada aqui neste lugar, cessaram-se os cânticos, a Noiva já não está aqui! Mas foram pra onde? A igreja de sábado a noite, de antes de me deitar e dormir era outra. Eu era outra!
O tempo passou e ninguém viu! Deixamos as ordenanças da Palavra de Deus de lado? Devagar, sem peceber deixaram. Transformaram o lugar santo, a morada da noiva, em deserto. Para onde Ela foi?
(Arialba Carla Abrantes Rodini. Proibida a Publicação sem citar a fonte)

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