Economia Digital: Segundo Ernst & Young, 10% dos fundos investidos em criptomoedas perdem-se no lançamento

Por mês, são usurpados 1,5 milhões de dólares em fases de lançamento de novas criptomoedas. Apenas 25% das moedas cumprem os objetivos a que se propuseram para a fase de ICO

Exame Informática (Portugal)

ais de 10% dos valores investidos em criptomoedas são desviados por hackers ou perdem-se durante a fase de lançamento, que é conhecida por Initial Coin Offering (ICO). Um estudo da Ernst & Young chegou a esta estimativa menos animadora depois de analisar 372 ICO de várias criptomoedas.

Os especialistas da consultora calculam que mais de 400 milhões de dólares perderam-se num total de 3,7 mil milhões de dólares aplicados durante as várias ICO que foram alvo de escrutínio. A este número, a Ernst & Young junta outro ilustrativo de uma tendência aparentemente consolidada: em média são usurpados mensalmente 1,5 milhões de euros em criptomoedas durante a fase de ICO. O phishing é a técnica mais usada pelos hackers para desfalcar as carteiras virtuais, informa a Reuters.

Além das atividades ligadas ao cibercrime, o estudo da Ernst & Young aponta o dedo à qualidade de muitos dos projetos que têm chegado à Internet apresentando modelos de negócio (os denominados white papers que revelam características técnicas e financeiras de uma criptomoeda). «Ficámos chocados com a qualidade de alguns White Papers, encontrámos erros de programação que são claros e descobrimos conflitos de interesse nas empresas que emitem tokens (as chaves usadas nas criptomoedas) e a comunidade que detém esses tokens», denuncia Paul Brody, líder de Inovação Global para a Tecnologia Blockchain da Ernst & Young.

O estudo revela alguma desaceleração que, à primeira vista, pode contrastar com a euforia em torno de bitcoins que se registou no final de 2017 (entretanto registou-se uma queda que as levou cada bitcoin a passar de 19 mil para 10 mil dólares). Em novembro, apenas 25% das criptomoedas alcançaram os objetivos a que se propuseram durante a fase de ICO. Em junho de 2017, 90% das ICO em curso alcançaram os objetivos predefinidos.

O Banco de Portugal, Banco Central Europeu e várias outras autoridades dispersas pelo mundo já alertaram para os riscos inerentes a moedas que podem funcionar como uma bolhas especulativas e que não garantem qualquer compensação ou atenuante para os investimentos efetuados em criptomoedas que implodem. Mas estes avisos poderão não ter sido suficientes para suplantarem o denominado efeito FOMO (de Fear Of Missing Out), que pode ser descrito como a tentação de lucrar com os preços baixos que caracterizam a fases de lançamento de uma nova moeda virtual. Apesar de as hipóteses de sucesso de uma moeda nem sempre serem claras, as últimas 10 ICO captaram uma média de 300 mil dólares por segundo.