Coluna do Rodini Netto: Empatia, mesmo que confundida com populismo, é melhor do que a blindagem que se faz ao político

Uma das coisas que tenho na memória é a imagem de meu padrinho, que foi prefeito de Porecatu por 4 ou 5 mandatos. Ele era aquele tipo de pessoa carismática, que passava nas ruas da cidade com 25 mil habitantes (na época), e parava para conversar com quem o chamasse. Para ele, era uma alegria. Todos que o conheceram sabem disso. Seu nome, José Jabur, conhecido como Zé Macaco.

Como prefeito, transformou a cidade. Em um dos seus mandatos, deixou a cidade com 100% de água e 100% de iluminação pública. Em outro, 100% de asfalto na cidade.

Ele era aquele tipo de pessoa que recebia a todos em seu gabinete. Não importava quem fosse. Se estivesse lá, recebia a pessoa que o procurava.

Não foi a toa que foi eleito por 4 ou 5 vezes como prefeito.

De lá da região norte do Paraná, em uma cidade um pouco maior, conta-se a história de outro prefeito… este, andava de ônibus, abria a porta do gabinete, recebia as pessoas, saia pelas ruas da cidade e era recebido pelos populares com alegria. Não negava comer uma marmita com arroz, feijão e ovo…

Por muitos era amado, por outros, bom, deixa pra lá.

Mas o interessante destas duas histórias é o tipo de pessoa que eram. Um, administrava uma cidade de cerca de 25 mil habitantes. Outro, uma cidade de mais de 200 mil habitantes. Eram uma espécie de político que vai deixando lembrança no que diz respeito ao trato com os eleitores e, mesmo, com aqueles que não votaram neles.

Eles sabiam que a blindagem que tentavam lhes fazer, prejudicava o relacionamento com a população da cidade. E para eles, a população de suas cidades era o bem mais importante de toda a sua administração. Por isso abriam seus gabinetes, recebiam as pessoas, ouviam o que cada um tinha para falar, pedir, exigir… o resultado? Sempre eram reeleitos… Não me lembro se algum deles foi reeleito consecutivamente, mas acho que não. Acho que voltaram a ser eleitos 4 anos após deixarem seus mandatos.

Isso faz pensar que a empatia por parte de prefeitos é essencial. A população precisa se sentir, muito mais do que representada, Representada com “R” maiúsculo. E a blindagem hoje se faz a políticos que acabam eleitos prefeitos, afasta a população de quem está a frente do executivo. O povo quer ser ouvido, mesmo que o que pedem, falam, exijam, não seja possível de executar. O povo quer ouvir que não é possível fazer algo, da voz daquele que elegeram para o executivo.

Aqueles que se blindam por assessores que não deixam o povo chegar até eles, perdem a oportunidade de serem “os caras”, mesmo que não consigam resolver os problemas daqueles que lhe procuram.

Não é a toa que temos nomes de prefeitos da Capital e de outras cidades, tanto grandes como pequenas, que são sempre lembrados pela população que conviveu com estes prefeitos.

A grandiosidade da administração pública municipal está em dar espaço para que os munícipes possam ser ouvidos. É o que querem.

É melhor ouvir que não é possível, do que não ouvirem nada…

Uma das máximas do marketing é que o relacionamento é fundamental…

E é mesmo. Afinal, um prefeito é, muitas vezes, o produto de marketing eleitoral, que precisa estar sempre sendo reapresentado aos seus “clientes”.

É preferível ser confundido com populista, do que ser reconhecido como esnobe. Não é verdade?

Pense nisso!

Observação: Este texto não é uma indireta para qualquer prefeito/a, mas uma constatação de uma estratégia que considero errada e que vem sendo adotada por inúmeros grupos políticos Brasil afora.

A blindagem política tira a identidade do político! Principalmente para quem o conheceu antes de estar em um mandato de 4 anos.


Rodini Netto*, 50, é jornalista, Tecnólogo em Gestão Pública, e possui MBA Executivo em Gestão de Cidades e Agronegócios.

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