Editorial: Ameaças e intimidações não nos calam!

A liberdade de expressão está sob ataque em todo o país, e não se limita apenas à luta contra as notícias falsas, também conhecidas como fake news. É comum que pessoas públicas se sintam ofendidas com publicações ou compartilhamentos de matérias que são veiculadas sobre elas. Algumas delas, que foram amplamente divulgadas pela mídia, reclamam de órgãos de imprensa que reproduzem matérias de outros veículos, especialmente aquelas que prejudicam sua imagem.

O que dizer, por exemplo, de um político que foi detido ou preso preventivamente? Até a conclusão dos autos de investigação e, até mesmo do julgamento, ele deve ser chamado de suspeito. Mas apenas o fato de ser chamado de suspeito já o coloca com os “dentes a ranger”.

Fato é que jornalistas às vezes são intimidados de forma simples.

Às vezes são “apenas” uma conversa “ao pé da orelha” com ameaças educadas de processo judicial, pelo fato de estes jornalistas serem autores das reportagens , ou simplesmente por compartilharem matérias veiculadas em outros órgãos de imprensa – matérias estas que ganharam dimensão local, regional ou mesmo nacional. Esta conversa “ao pé da orelha” com ameaça de processo judicial não é algo que deve passar em branco. Não é uma conversa de “bons amigos”. É e sempre será uma tentativa de intimidação, de cerceamento ao trabalho da imprensa. E quando vem de um agente público, deve ser combatida com toda a altura da voz que precisa ser dada e publicada “aos quatro ventos”.

O cidadão que está investido de poder, pelo fato de ter sido eleito para qualquer cargo, jamais deveria utilizar-se da posição em que se encontra para tentar intimidar qualquer pessoa, muito menos aos profissionais de imprensa. Quando este tipo de coisa acontece, não pode e não deve passar em branco. Como pessoa pública, o agente público está sujeito a ser analisado pela população em relação aos seus atos, tanto públicos quanto privados, que tenham repercussão na mídia. Aqueles que não sabem lidar com a exposição pública jamais deveriam ocupar cargos públicos.

Como pequenas ameaças de hoje podem tornar-se em algo concreto amanhã, esse tipo de situação não pode ficar por isso mesmo.

Como jornalistas, temos a obrigação de levar adiante, realizar boletim de ocorrência, dar a conhecer ao sindicato dos jornalistas, comunicar à associação profissional a que pertencemos, até para nossa própria segurança, tendo em vista o aumento do número de casos de violência contra os profissionais de imprensa.

Não podemos, jamais, ceder aos abusos cometidos por aqueles que deveriam colocar seus próprios interesses de lado e priorizar o bem estar da população, assim como o priorizar a verdade.

Profissionais de imprensa sempre devem procurar todos os lados de uma história para que prestem seus esclarecimentos.

Quando um dos lados se recusa ou evita apresentar sua defesa ou opinião sobre os fatos, a responsabilidade pelas consequências da matéria não recai sobre o órgão de imprensa que a divulga nem sobre o profissional que a escreve, mas sobre aquele que se cala.

Ameaças não têm o poder de reverter um fato público, independentemente de sua divulgação e alcance.

Da mesma forma, ameaças não têm o poder de alterar ou restabelecer a verdade dos fatos.

Não nos calaremos diante de intimidações, não importando sua origem!

 

A. L. Rodini Netto, Editor
Jornalista / DRT-PR 7.294
Filiado ao Sindijor PR
Membro Efetivo da ABI

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